O Museu

Foto de eduardo Gageiro

A pretexto da recuperação da casa, a modesta casinha, onde viveu Salazar pretende criar-se um Museu. Uma criação a ser subsidiada pelo Estado, pois claro.
A necessidade é claramente de ordem turística, dizem. (A coisa até começou bem com saudações nazis e tal, mas adiante)...será a grande atracção do eixo Santa Comba- Vimieiro. Mas desenganem-se aqueles que crêem e poupem-me aqueles que querem fazer crer que ali estabelecer-se-á um terreno neutral, onde serão mostradas as coisas más e as boas (?) do Estado Novo. Bem sei que Salazar era o Estado Novo e o Estado Novo era Salazar ou não se tratasse de uma ditadura. Mas aquele espaço será um local de homenagem à criatura. Uma espécie de Castelo de Guimarães, onde em estilo austero, envernizado e sem pó, estará a cama, a mesa, a biblioteca, a poltrona e as cadeiras, tudo selado com cordões e borlas douradas. Nas paredes os santos, o sagrado coração de Jesus e o terço. E quem quiser ver paga bilhete e vai na romaria.
Merece Salazar que o Estado português subsidie a obra? Eu acho que não. Mas haverá por aí muito boa gente, tão saudosa que anda, que não se importará nada de fazer uma vaquinha para avançar com a coisa. E esse deve ser o caminho. O mecenato.

Não há dúvida?!