01 março 2006

O Ocidente


Li num jornal de referência que a UE, por proposta de uma Comissária, vai "doar" 120 milhões de euros à Autoridade Palestiniana. Segundo esta senhora, esta estrutura está em situação de pré-falância pelo que, por razões humanitárias, se deve proceder de imediato a este "pagamento".
Ainda no mesmo texto, é referido que a principal razão dessa situação de pré-falência se deve ao Estado Israelita (!!!). O facto de ter sido suspendido o pagamento de cerca de 68 milhões de euros mensais (!!!), a título de taxas alfandegárias, originou a dita pré-ruptura. Estas verbas servem para pagar a todos (!!!) os funcionários públicos da Palestina mais respectivas despesas de exloração.

Independentemente das opiniões a favor ou contra, pró-israelitas ou pró-palestinianas, constata-se o seguinte:

1 - A Europa insiste em ser o benemérito de serviço;
2 - A Autoridade Palestiniana é Independente;
3 - As eleições livres nesse território ditaram um Governo do Hamas;
4 - O Hamas, todos sabemos, tem um braço armado de índole terrorista;
5 - Israel, fruto de acordos estabelecidos, financia a Autoridade Palestiniana;
6 - Uma das primeiras afirmações do líder do Hamas foi a de que iria "lutar com todos os meios" contra Israel;
7 - O Governo de Israel, perante este cenário, decidiu suspender os pagamentos à Autoridade Palestiniana.

Para que não tenhamos ilusões:

"Hamas is a Palestinian Islamist organization created in 1987. Hamas has created an extensive network of social welfare throughout the West Bank and Gaza, explaining part of its popularity. Hamas is best known throughout the world for carrying out Suicide Bombings and other Homicidal Attacks against indiscriminate Israeli civilians to further its goal of creating an Islamic Republic of Palestine in the area that is now Israel, the West Bank, and the Gaza Strip. The group is listed as a Terrorist Organization by Australia, Canada, the European Union, Israel, and the United States, and is banned in Jordan."

Atendendo aos factos, penso que alguma coisa estará errada. Além do mais, curiosamente, o anterior líder Palestiniano - Arafat, tinha uma das 10 maiores fortunas do Mundo. Estará tudo doido? Deve ser impressão minha, claro...

Não há Dúvida?!

6 Comments:

At quarta-feira, março 01, 2006 6:14:00 da tarde, Blogger SP said...

Caro Ricardo

Concordo absolutamente com a decisão da UE. O dinheiro disponibilizado (os 120 milhões de €) não é para financiar o terrorismo como se quer fazer crer, mas para minimizar o colapso financeiro em que se encontra a AP. Destinam-se ao pagamento de salários (a AP vive das contribuições, sendo 80% do orçamento da administração pública suportado pelos EUA e UE), pagar a electricidade da AP, para a assistência médica e educação (através da ONU).
O que seria do povo palestiniano submetido à ocupação sem a assistência?
Não têm as melhores terras (essas estão na posse dos colonos judeus), vivem miseravelmente, com elevados índices de desemprego, e sem condições materiais (e aqui as culpas são repartidas. Se por um lado, a corrupta OLP não se preocupou em criar emprego e construir um estado social, também Israel terá contribuído com a sua política de bloqueio e as colonizações).
Não me congratulo, antes pelo contrário, com a vitória do Hamas (que foi financiado por Israel para combater e desafiar Arafat), mas há que reflectir sobre o que está por detrás dela. Uma das razões foi justamente castigar a Fatah pela corrupção instalada, outra é a política colonial e repressiva de Israel que terá empurrado o povo para os braços dos radicais islamistas que facilmente o conquistaram com o seu discurso inflamado anti-Israel.
Neste momento, e friso, neste momento, acredito que a pressão sobre a AP para aceitar as três condições para conservar a ajuda internacional: renunciar à violência, o reconhecimento do estado de Israel e o respeito pelos acordos- é a via a tomar e esperar que ganhe o pragmatismo dentro do Hamas (um grupo terrorista, mas não só, como é referido no início do itálico do post) agora com o poder.
Churchill também disse "à nossa frente os nossos adversários, ao nosso lado os nossos inimigos".
A outra via, o abandono do povo palestiniano, significaria o reforço do terrorismo, tanto por parte do Hamas como por parte de Israel (da direita, leia-se) que estará a esfregar as mãos de contente com a vitória dos fundamentalistas. Que melhor justificação/pretexto do que a do combate ao fundamentalismo haverá para violar acordos, direitos e arrumar com os palestinianos?
Quanto à decisão de Israel de congelar os fundos devidos à AP, para além de ter sido condenado pela ONU, os próprios EUA incitaram Israel ao seu desbloqueamento, porque são fundos que lhes pertencem e que são necessários ao normal funcionamento da AP (polícia, segurança e restantes funcionários públicos). Mas Israel está-se nas tintas, como tem estado, para os direitos do povo palestiniano e para as condenações da comunidade internacional. Como disse Zeev Steinhell, historiador israelita, Israel "não sente qualquer dificuldade em recusar a outrem os mesmos direitos elementares que com uma tranquilidade de espírito exige para si próprio".
Quando será que vamos poder ouvir novamente palavras com as de Rabin: «Nós soldados regressados do combate sujos de sangue, nós que nos batemos contra vós, palestinianos, dizemo-vos hoje de forma firme e clara:"Basta de sangue e de lágrimas. Basta!"»

cumprimentos

 
At quarta-feira, março 01, 2006 6:23:00 da tarde, Blogger Ricardo said...

Cara SP,

Não lê no texto qualquer indicação de que o dinheiro será para financiar acções terroristas. O que questiono, e é legítimo que o faça, é o porquê de se financiar humanitariamente um Estado que, por opção maioritária da população, decidiu dar o Governo a uma partido com um braço armado.
Se, de hoje para amanhã, o Batasuna-Euskadi ganhar eleições e solicitar uma ajuda por razões humanitárias, que fará a UE?

Mais, um Estado que foi liderado por uma pessoa que - por milagre, era só um dos 10 homens mais ricos do planeta. Porque não "congela" o Hamas todos os bens de Arafat?

Deixemo-nos de demagogias. A Europa verga-se perante tudo e todos em nome de um ideal que não existe. E quem paga, minha cara, somos todos nós...

 
At quarta-feira, março 01, 2006 10:18:00 da tarde, Blogger Licor Beirão said...

Caro Ricardo:

Demagógico é considerar a Espanha e a ETA na mesma condição do Hamas e da Palestina. O que nos distingue, a nós, sociedades civilizadas, é nunca perdermos de vista a floresta, mesmo que tenhamos à nossa frente uma só árvore. Suspeito, e agora foge-me a pena para a demagogia, que, por si, cancelavam-se todo e qualquer apoio humanitário à generalidade dos países africanos que, se não são geridos por terroristas de nome, são-no por terroristas de facto...
E já agora há um princípio que não devemos perder: o caminho faz-se caminhando e a pacificação dos povos sempre se fez com o diálogo e não com a força bruta, apesar de todas as acções que lamentavamente as partes tomam (na Palestina o terror Hamas, em Israel o terror do Exército). Mas dou-lhe mais um exemplo: Irlanda do Norte - a paz chegou pela via do diálogo, ainda que o interlocutor fosse um grupo armado terrorista.

Cumprimentos

 
At quarta-feira, março 01, 2006 10:47:00 da tarde, Blogger Mac Adame said...

É a triste verdade: a Europa, mesmo tendo gente a morrer de fome dentro das suas fronteiras, prefere financiar os próprios terroristas que um dia a atacarão. Ser ocidental deve ser isto: querer ser igual aos Estados Unidos. Financiar bin ladens e talibãs para depois termos onzes de setembro. Continua, Europa, que vais no bom caminho... para a tua própria destruição. Continua a dar de comer aos cães que te mordem a mão. Haja paciência!

 
At sexta-feira, março 03, 2006 11:17:00 da manhã, Blogger psac74 said...

Curiosa é a atitude dos EUA, a tal nação que defende (quer impor) a democracia em todo o mundo, apoia determinados países ou estados e, depois, quando o resultado de eleições livres não a satisfaz, resolve retirar os apoios (é o caso da Palestina).

 
At sexta-feira, março 03, 2006 11:31:00 da manhã, Blogger SP said...

Caro psac74

sabe, a democracia tem dias...
a liberdade tem dias...
e a coerência tem dias...

e assim vai o mundo.

 

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