O cartoon está excelente. No entanto, refere-se a uma situação que me levanta dúvidas há muito tempo: as fontes de informação.
Quanto aos jornalistas, sinto que estão a colher aquilo que durante muitos anos ajudaram a semear. Como em todas as categorias profissionais, há bons, maus e assim-assim. Foram eles que "pariram" essa figura obscura da "fonte fidedigna".
Um exemplo: sou jornalista e quero "informar" que o Buchovski anda a roubar velhinhas. Simples, basta-me dizer que, segundo uma fonte fidedigna, isso acontece. Caso vá a tribunal, refugio-me na protecção da fonte e nada acontece.
Ora, perante este cenário, não era muito mais simples ser obrigatório revelar a fonte? Assim, além de responsabilizar as ditas fontes, quando existissem, o trabalho jornalístico passava a ser encarado com outros olhos. Tinha ainda outras vantagens, por um lado quando fosse publicada uma reportagem com recurso a "fontes", estas tinham de ter provas do que afirmavam. Por outro, limitava-se, de uma vez por todas, a conspurcação da comunicação social com ajustes de contas pessoais, vinganças, invejas e má-língua pura e dura.
No caso concreto do tablóide 24 horas, para mim as questões são as seguintes: Quem são os criminosos? Os jornalistas, que protegem as suas fontes, ou quem está "lá dentro" e sopra as informações violando o segredo de justiça? Cabe ao jornalista substituir o poder judicial? Como se quer disfarçar e dar ares de que se está a tratar do assunto "mata-se o mensageiro". Começou com o assalto ao 24 horas e já passou para um ataque a toda a linha à liberdade de imprensa. Criando-se uma entidade independente (nomeada pelos partidos políticos, que à partida são todos sérios, mas não estão livres de tentações), a Entidade Reguladora para a Comunicação Social, uma espécie de polícia que pode entrar pelas redacções dentro e fazer as buscas que muito bem entender, sem mandado judicial. Em nome de quê? Do combate ao crime de perigo. E que raio é o crime de perigo? É algo que, pela sua definição ambígua, permitirá controlar a imprensa. Assim, acaba-se com o jornalismo de investigação de uma vez só. Se se acaba com muita porcaria, acaba-se também com o bom jornalismo de investigação. Não há cá revelações de casos como Watergate, Cadilhe ou o dos Sobreiros. Quanto a isso, para mim, é preferível haver de tudo, do que não haver nada. É preferível um culpado solto do que um inocente preso. O sigilo profissional ou a protecção das fontes é um direito e um dever dos jornalistas. O jornalismo sobrevive das fontes e só em casos excepcionais (casos de segurança do Estado e casos de actos criminosos contra a vida) e por ordem do tribunal deverá ser quebrado o sigilo profissional. Caso contrário, acabam-se as fontes. Ninguém está para correr risco de vida, perder o emprego ou ter outro tipo de consequências que impedirão de viver normalmente. Acredito, de resto, que a liberdade de imprensa é um pilar da democracia.
retirei "o caso das velhinhas do Buchovsky" visto que ele apenas cometia furto. Agora, se elas morressem com a emoção de verem o "homem-invisível", o caso mudaria de figura.
muito bem,sp! como disse thomas jefferson "A segurança da democracia está em uma imprensa livre. A agitação que ela produz é necessária para manter as águas puras"
francisco de assis
PS(não confundir com uma certa associação de malfeitores)- que venham as celebrações do post nº200
desculpe-me o atrevimento, mas estou deveras intrigada, não por não saber quem são os Xutos, mas por presumir, pela sua pergunta, que sabe quem é a Lili. Produtos portugueses de tão má qualidade chegam ao Brasil? Olhe que essa senhora, aos 70 ou 80 anos, descobriu sozinha que estar vivo é o contrário de estar morto.
Não ponho em causa a "liberdade de expressão". Não ponho em causa o jornalismo de investigação. O que ponho em causa é a falta de categoria e de idoneidade de alguns pretensos jornalistas. É certo que sabemos existir de tudo um pouco, como em qualquer categoria profissional. O problema não é esse.
Muita coisa está mal.
Quem tiver algumas noções de comunicação sabe o poder que a mesma tem. Numa 1ª página destrói-se a reputação e o bom nome de uma pessoa. O desmentido, quando devido, surge na página 34 em rodapé. Sabe que existe uma lei que exige igual destaque dos desmentidos em relação a notícias infundadas? Quantos cumprem?
Quantas vezes lê um determinado título e sub-título, ambos bombásticos, e quando lê o corpo da notícia sente que "a montanha pariu um rato"?
A minha perspectiva é muito simples, as leis e regras deveriam existir por causa da salguarda dos direitos e interesses de todos, do bem comum. Não para proteger certos e determinados poderes instalados. Os jornalistas não podem ser uma classe privilegiada como têm sido até aqui. Quantos casos de corrupção, devidamente julgados e condenados, conhece envolvendo jornalistas?
Aproveito a oportunidade para lhe sugerir a leitura do artigo de opinião de Vasco Pulido Valente, no Público de hoje (Sábado). Ele lá saberá do que fala...
Estou completamente de acordo consigo no que diz respeito à existência de problemas e situações que enfermam o jornalismo, seja o sensacionalismo, o desrespeito pelo código deontológico ou o não cumprimento da lei. Acrescento um outro problema, as concentrações dos órgãos de comunicação social com as consequências perniciosas para a independência do jornalismo e dos jornalistas em relação ao poder económico. A diferença entre nós é que partimos de premissas distintas. Para mim, a origem do problema está na inoperância da justiça. A não aplicação da lei ou a ineficácia dos mecanismos existentes é, quanto a mim, o problema. E não acredito, nem aceito que a administração da justiça se faça à custa de limitações à liberdade de imprensa, e portanto à democracia. Para si, se entendi bem, a protecção das fontes de informação constitui um privilégio dos jornalistas e um mal do jornalismo. Eu não sou da mesma opinião, como aliás, já o disse e, para não me voltar a repetir, apenas digo que só se as fontes forem livres (e a sua protecção é a garantia dessa liberdade), o jornalismo será livre. De outro modo, não se arriscarão a falar se forem denunciadas. Calar-se-ão e assim já não correm o risco de sofrer represálias. Imagina o "Garganta Funda", que hoje se sabe ter sido um agente do FBI, a revelar a sua identidade, a dar a cara? Acabaria com dois tiros num beco qualquer e com uma magnífica história de herói morto em serviço. A revelação de Watergate, pura e simplesmente, não aconteceria.
Quanto à cronica do VPV, a leitura que faço é a do seu insurgimento contra a "ditadura" do politicamente correcto que hoje em dia vigora na nossa sociedade, aliás esta opinião vem no seguimento de uma série de outras que VPV tem vindo a publicar. A mania da saúde, a vida saudável como imposição dos tempos modernos, o caso do BI em Inglaterra, a paranóia da vigilância and so on. Algo que também me inquieta, porque são as liberdades individuais constantemente atacadas em nome da segurança e do politicamente correcto. Claro que VPV o faz de forma provocadora que é a comparação da liberdade de hoje com a "liberdade" do Estado Novo. De forma exagerada, a meu ver, porque se há coisa que ele não faria hoje com a "liberdade" de ontem era escrever o que escreve.
15 Comments:
Cara SP,
O cartoon está excelente. No entanto, refere-se a uma situação que me levanta dúvidas há muito tempo: as fontes de informação.
Quanto aos jornalistas, sinto que estão a colher aquilo que durante muitos anos ajudaram a semear. Como em todas as categorias profissionais, há bons, maus e assim-assim. Foram eles que "pariram" essa figura obscura da "fonte fidedigna".
Um exemplo: sou jornalista e quero "informar" que o Buchovski anda a roubar velhinhas. Simples, basta-me dizer que, segundo uma fonte fidedigna, isso acontece. Caso vá a tribunal, refugio-me na protecção da fonte e nada acontece.
Ora, perante este cenário, não era muito mais simples ser obrigatório revelar a fonte? Assim, além de responsabilizar as ditas fontes, quando existissem, o trabalho jornalístico passava a ser encarado com outros olhos. Tinha ainda outras vantagens, por um lado quando fosse publicada uma reportagem com recurso a "fontes", estas tinham de ter provas do que afirmavam. Por outro, limitava-se, de uma vez por todas, a conspurcação da comunicação social com ajustes de contas pessoais, vinganças, invejas e má-língua pura e dura.
Cumprimentos,
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
é no que dá as pessoas votarem em governos da direita ;)
e ainda os nossos olhos não viram tudo
francisco de assis
Caro Ricardo
No caso concreto do tablóide 24 horas, para mim as questões são as seguintes:
Quem são os criminosos?
Os jornalistas, que protegem as suas fontes, ou quem está "lá dentro" e sopra as informações violando o segredo de justiça?
Cabe ao jornalista substituir o poder judicial?
Como se quer disfarçar e dar ares de que se está a tratar do assunto "mata-se o mensageiro".
Começou com o assalto ao 24 horas e já passou para um ataque a toda a linha à liberdade de imprensa. Criando-se uma entidade independente (nomeada pelos partidos políticos, que à partida são todos sérios, mas não estão livres de tentações), a Entidade Reguladora para a Comunicação Social, uma espécie de polícia que pode entrar pelas redacções dentro e fazer as buscas que muito bem entender, sem mandado judicial. Em nome de quê? Do combate ao crime de perigo. E que raio é o crime de perigo? É algo que, pela sua definição ambígua, permitirá controlar a imprensa. Assim, acaba-se com o jornalismo de investigação de uma vez só.
Se se acaba com muita porcaria, acaba-se também com o bom jornalismo de investigação. Não há cá revelações de casos como Watergate, Cadilhe ou o dos Sobreiros. Quanto a isso, para mim, é preferível haver de tudo, do que não haver nada.
É preferível um culpado solto do que um inocente preso.
O sigilo profissional ou a protecção das fontes é um direito e um dever dos jornalistas. O jornalismo sobrevive das fontes e só em casos excepcionais (casos de segurança do Estado e casos de actos criminosos contra a vida) e por ordem do tribunal deverá ser quebrado o sigilo profissional. Caso contrário, acabam-se as fontes. Ninguém está para correr risco de vida, perder o emprego ou ter outro tipo de consequências que impedirão de viver normalmente.
Acredito, de resto, que a liberdade de imprensa é um pilar da democracia.
Caro Ricardo
retirei "o caso das velhinhas do Buchovsky" visto que ele apenas cometia furto. Agora, se elas morressem com a emoção de verem o "homem-invisível", o caso mudaria de figura.
muito bem,sp!
como disse thomas jefferson "A segurança da democracia está em uma imprensa livre. A agitação que ela produz é necessária para manter as águas puras"
francisco de assis
PS(não confundir com uma certa associação de malfeitores)-
que venham as celebrações do post nº200
Caro bananoso
desculpe-me o atrevimento, mas estou deveras intrigada, não por não saber quem são os Xutos, mas por presumir, pela sua pergunta, que sabe quem é a Lili. Produtos portugueses de tão má qualidade chegam ao Brasil?
Olhe que essa senhora, aos 70 ou 80 anos, descobriu sozinha que estar vivo é o contrário de estar morto.
cumprimentos
Fui eu!
Cara SP,
Não ponho em causa a "liberdade de expressão". Não ponho em causa o jornalismo de investigação. O que ponho em causa é a falta de categoria e de idoneidade de alguns pretensos jornalistas. É certo que sabemos existir de tudo um pouco, como em qualquer categoria profissional. O problema não é esse.
Muita coisa está mal.
Quem tiver algumas noções de comunicação sabe o poder que a mesma tem. Numa 1ª página destrói-se a reputação e o bom nome de uma pessoa. O desmentido, quando devido, surge na página 34 em rodapé. Sabe que existe uma lei que exige igual destaque dos desmentidos em relação a notícias infundadas? Quantos cumprem?
Quantas vezes lê um determinado título e sub-título, ambos bombásticos, e quando lê o corpo da notícia sente que "a montanha pariu um rato"?
A minha perspectiva é muito simples, as leis e regras deveriam existir por causa da salguarda dos direitos e interesses de todos, do bem comum. Não para proteger certos e determinados poderes instalados. Os jornalistas não podem ser uma classe privilegiada como têm sido até aqui. Quantos casos de corrupção, devidamente julgados e condenados, conhece envolvendo jornalistas?
Aproveito a oportunidade para lhe sugerir a leitura do artigo de opinião de Vasco Pulido Valente, no Público de hoje (Sábado). Ele lá saberá do que fala...
Cumprimentos,
Não há dúvida nenhuma! É para aí que caminhamos. Para o renascimento pidesco.
Caro Ricardo
Estou completamente de acordo consigo no que diz respeito à existência de problemas e situações que enfermam o jornalismo, seja o sensacionalismo, o desrespeito pelo código deontológico ou o não cumprimento da lei.
Acrescento um outro problema, as concentrações dos órgãos de comunicação social com as consequências perniciosas para a independência do jornalismo e dos jornalistas em relação ao poder económico.
A diferença entre nós é que partimos de premissas distintas.
Para mim, a origem do problema está na inoperância da justiça. A não aplicação da lei ou a ineficácia dos mecanismos existentes é, quanto a mim, o problema. E não acredito, nem aceito que a administração da justiça se faça à custa de limitações à liberdade de imprensa, e portanto à democracia.
Para si, se entendi bem, a protecção das fontes de informação constitui um privilégio dos jornalistas e um mal do jornalismo. Eu não sou da mesma opinião, como aliás, já o disse e, para não me voltar a repetir, apenas digo que só se as fontes forem livres (e a sua protecção é a garantia dessa liberdade), o jornalismo será livre. De outro modo, não se arriscarão a falar se forem denunciadas. Calar-se-ão e assim já não correm o risco de sofrer represálias. Imagina o "Garganta Funda", que hoje se sabe ter sido um agente do FBI, a revelar a sua identidade, a dar a cara? Acabaria com dois tiros num beco qualquer e com uma magnífica história de herói morto em serviço. A revelação de Watergate, pura e simplesmente, não aconteceria.
Que muita coisa está mal e cheira mal, é verdade.
Cumprimentos
Quanto à cronica do VPV, a leitura que faço é a do seu insurgimento contra a "ditadura" do politicamente correcto que hoje em dia vigora na nossa sociedade, aliás esta opinião vem no seguimento de uma série de outras que VPV tem vindo a publicar. A mania da saúde, a vida saudável como imposição dos tempos modernos, o caso do BI em Inglaterra, a paranóia da vigilância and so on.
Algo que também me inquieta, porque são as liberdades individuais constantemente atacadas em nome da segurança e do politicamente correcto.
Claro que VPV o faz de forma provocadora que é a comparação da liberdade de hoje com a "liberdade" do Estado Novo. De forma exagerada, a meu ver, porque se há coisa que ele não faria hoje com a "liberdade" de ontem era escrever o que escreve.
Então e a IV República?
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