O Pior Analfabeto
O Analfabeto Político
Bertolt Brecht
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do
sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito
dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista, pilantra, corrupto
e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.
Não há dúvida?!
14 Comments:
Tomei a liberdade de vos lançar um desafio solidario no meu cruzeiro...
Querida amiga, não se terá excedido um bocadinho??
Que maledicente que a amiga está!!!!!
Definitivamente, as ausências dos Sr.s deputados deixaram-na furibunda...
cara asna
desgosto tanto de analfabetos políticos como de políticos analfabetos.
Mas já agora devo dizer-lhe que gostei bastante do seu comentário relativamente ao comportamento dos deputados e subsequente análise.
Agora, permita-me, dizer apenas o seguinte: a descredibilidade da classe política é dado adquirido e, por assim ser, não é tida como exemplo, nem que fossem ou quando o são exemplares. No mínimo, que os seus maus comportamentos e desonrosas atitudes não sirvam é como desculpa para se fazer o mesmo nem para a perpetuação da mentalidade antiparlamentar.
Então deixe-me avisá-la que deve incluir-me na lista dos analfabetos políticos. Não percebo nada de nada.
Concordo consigo no restante.
quanto ao elogio, obrigada. Prezo a sua opinião.
Agora é a minha vez: olhe que não, olhe que não (relativamente ao 1º parágrafo).
A amiga tem o dom de provocar em mim um de dois sentimentos: ou a admiração ou a boa disposição.
no seu último comentário foi obviamente a segunda.
Ps: agora vou ver se trabalho um bocadinho.
....mas não sem antes perguntar: onde para o nosso amigo carroceiro? tou com saudades dele. será que aconteceu aguma coisa à priscilla???
falta o deputado-papagaio, o deputado-dorminhoco, o deputado-mudo, o deputado-distraído...
Cara Asna
contribuir para a boa disposição é uma satisfação,das melhores.
Mas trabalhe, trabalhe que eu não quero ser acusada de contribuir para a baixa produtividade seja de quem for ;)
Quanto ao carroceiro, também sinto a sua ausência. Não sei, deixou a carroça, passou ao fiesta, andava metido no tunning...como isto é sempre a abrir, às tantas virou-se para o Sudoku. Dizem que é viciante. Esperemos que seja isso e que a Priscilla não tenha tido problemas com a vaselina nos olhos.
Aproveito para notar, também, a ausência do Ricardo. Será que preciso de clamar pela IV República, caro amigo?
Aqui nã há dúvida! Ando a tentar perceber, mas, no meu planeta as coisas fazem-se de outra forma.
Se eu berrar que até gosto de politica sou executada sem mais...as coisas são diferentes ...um dia exlplico-te.
Fica bem
Então continue a “dar-se" essa satisfação, (e serei eu que saio beneficiada!! ehehehehe).
Sem qualquer desmérito ou menor deferência para qualquer bloguer, ou visitante, incluindo o amigo Ricardo. Mas a sp sabe como são os seres humanos!!?? Às vezes basta uma palavra, um gesto, um comentário, um mimo, um elogio, um sarcasmo oportuno, para se criar uma simpatia maior ou estabelecer uma relação de proximidade, até de cumplicidade, com esta e não com aquela outra pessoa. E eu sou humana, e como não sou hipócrita nada faço para escamotear as minhas preferências. Perdoem-me.
Mas não esqueço a forma magistral, carregada de intensa carga emotiva, com que o amigo Ricardo caracterizou o filme Colisão. De resto, foi esse post que me levou nessa semana ao cinema. Sendo, portanto, ele o responsável pela agradável matiné.
Acredito que ainda possamos ser bons amigos.
Cara SP:
Fantástico: esta é realmente a razão!
O Bertolt está lá.
Cumprimentos
Ando arredado, como todos sabem, das lides bloguísticas, mas ao ler esta posta, não resisti!
Olha então quando é chamado à liça o passarão do Brecht!...
Perdoem-me a tendência quase congénita para estragar a festa.
Cá vai uma pequena estória, pequenina mas...
Reza assim pela mão de João Pereira Coutinho:
"Simpatizo com George Clooney. Existe ali a aura do cinema clássico e uma consciência "liberal" que, ao contrário de Michael Moore, não horroriza. Por isso assisto, com prazer moderado, a "Boa Noite e Boa Sorte", exercício acadêmico, em tom documental, sobre a luta entre Edward R. Murrow, o lendário jornalista da CBS, e o senador Joseph McCarthy, que entre 1950 e 1955 soltou os cães contra o comunismo na América. Curioso: em 1950, caçavam-se comunistas mas os fumantes eram deixados em paz. Sessenta anos depois, é o contrário. Evolução.
Esclarecimento prévio: caçar comunistas não é desporto de gente civilizada. Alger Hiss ou o casal Rosenberg eram a prova viva de que em 1950 a espionagem soviética existia e persistia nos Estados Unidos? É um fato. Como também é um fato que, em perspectiva, Washington perseguia os dissidentes mas Moscovo fuzilava-os. E daí? Nada disto altera o essencial. E o essencial foram centenas de vidas que um alcoólico demente, McCarthy, foi perseguindo, e até destruindo, com histérica ferocidade. Acabou mal e acabou cedo, aos 47 anos. Mas o mal maior já estava feito. Tarde demais.
Mas se Joseph McCarthy caçou comunistas na década de 50, não deixa de ser irónico que o caminho para McCarthy tenha contado com a "colaboração", no duplo sentido do termo, do dramaturgo Bertold Brecht, que em 1947 deu contributo decisivo para destruir a última barreira da decência. A história não é "oficial" e as consciências "liberais" nunca conviveram bem com ela. Ou, então, desconhecem os contornos. Sugestão bibliográfica: o livrinho magistral que a escritora Patricia Bosworth publicou há uns anos pela Simon & Schuster e que leio agora com admiração e pasmo. Título: "Anything Your Little Heart Desires". "Corny", sim. Mas a leitura é tudo menos.
Que nos conta Bosworth com erudição (muita) e elegância (idem)? O livro, que no essencial é uma história da família (mais precisamente sobre o pai, Bartley Crum, famoso advogado), revisita a primeira caçada em Hollywood, três anos antes de McCarthy chegar à Comissão das Atividades Anti-Americanas. A "ameaça vermelha" estaria disseminada pela indústria de cinema? Parnell Thomas, um antecessor de McCarthy, acreditava que sim. Aliás, não só acreditava como era firmemente assegurado a respeito por "testemunhas amigáveis", como Reagan, Disney ou Ayn Rand, que nomeavam nomes em sessões de delação pública.
Mas a Comissão não se alimentou apenas de "testemunhas amigáveis". O momento crucial desta primeira perseguição "mediática" acabaria por chegar com 19 testemunhas menos "amigáveis", ou mais propriamente "hostis", que seriam intimadas a depor perante Parnell Thomas. Entre elas estavam os diretores Edward Dmytryk, Lewis Milestone ou Robert Rossen; o ator Larry Parks, que fora Al Jolson em "biopic" célebre um ano antes; Howard Koch, um dos argumentistas de "Casablanca"; e, claro, Bertold Brecht, exilado nos Estados Unidos, depois da fuga da Alemanha nazista em 1933. Nasciam, enfim, os "Hollywood Nineteen".
Patricia Bosworth explica, com uma arrasadora simplicidade, que a estratégia de defesa dos 19, de que o pai fazia parte, se esforçou, desde o início, por denunciar a natureza inconstitucional da Comissão. Pergunta: Parnell Thomas desejava saber, como McCarthy depois dele, se os 19 eram, ou haviam sido, membros do Partido Comunista? Resposta da defesa: isso violava a Primeira Emenda, que garantia liberdade de expressão e crença. A única forma de derrotar Parnell Thomas era não responder às suas questões. O silêncio dos 19 retiraria à Comissão a sua legitimidade e, caso perdessem, o Supremo Tribunal, largamento dominado por uma sensibilidade mais "liberal", faria o resto. Os 19 subscreveram a estratégia da defesa: matar a Comissão logo à nascença.
Subscreveram e aplicaram. As dez primeiras testemunhas "hostis", como Dmytryk ou Ring Lardner Jr., foram ouvidas pela Comissão. Não colaboraram, ou seja, não responderam a uma pergunta eminentemente inconstitucional. Mas o desastre chegaria com Brecht, a décima primeira a ser ouvida. Ao contrário das dez testemunhas anteriores, Brecht colaborava e respondia, ou seja, destroçava a estratégia central da defesa. Mais: não apenas respondia como tratava de sublinhar, em plena audiência, a grande diferença que o separava dos 10 que o precederam.
Brecht saiu em aplausos (de Parnell Thomas) e, no dia seguinte, regressava à Europa. Conta o historiador Paul Johnson, num trabalho notável sobre a ética dos "intelectuais", que ao desembarcar em Paris o espirituoso Brecht ainda fez piada sobre o assunto. "Quando me acusaram de tentar roubar o Empire State Building", afirmou Bertold, "achei que era altura de partir". Todos riram.
Todos, com a excepção dos que ficaram em Washington. Na verdade, depois de Brecht, a Comissão resolveu terminar abruptamente os seus trabalhos. Os primeiros dez a ser ouvidos --como Ring Lardner Jr. ou o diretor Lester Cole-- acabariam condenados e presos. Mas essa é a parte "menor" da história. A parte maior é que as "listas negras" começavam em força. Precisamente com os primeiros dez, que a indústria resolveu sacrificar como exemplo. O caminho estava definitivamente aberto para que Joseph McCarthy inaugurasse um dos episódios mais grotescos da história moderna americana.
Como Patricia Bosworth escreve, a história da "caça às bruxas" é uma história com poucos heróis. Dmytryk ou Rossen, depois da experiência "hostil", acabariam por regressar como "testemunhas amigáveis"; Bartley Crum, advogado dos 19 e pai da autora, fez o mesmo ao denunciar colegas de ofício (Crum acabaria por se suicidar em 1959; as páginas de Bosworth sobre a delação do pai valem o livro); e aqueles que não acabaram na miséria, esconderam-se no anonimato. É o caso de Dalton Trumbo, que ganharia um óscar como "Robert Rich" (por "The Brave One", 1957) e só em 1960, por pressão de Otto Preminger e Stanley Kubrick, teria o seu nome real nos créditos de "Exodus" e "Spartacus".
E Bertold Brecht? Regressado à Europa, Brecht continuaria uma notável carreira em nome das classes exploradas, denunciando o "capitalismo" americano e a hipocrisia da sua sociedade "materialista". Na triste história da "caça às bruxas", as boas noites de Brecht simplesmente nunca existiram.
Ou, se existiram, desconfio que dificilmente veremos um filme de Clooney sobre o assunto."
Ai que heresia, que heresia! Estes malandros da direita a estragarem a festa pá!
Cumprimentos!
EUMESMO
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