Cidadão Anónimo
Tinham surgido umas fortes explosões. O Repórter, na sua permanente procura pela notícia, encontrara um cidadão anónimo a quem pretendia colocar algumas questões.
- Então como é que foi?
- Foi... - respondeu o Cidadão
- O Senhor viu?
- Vi...
- Então e como é que foi?
- Foi...
O Repórter começava a temer pela qualidade do seu exclusivo e, em directo, tentava salvar a reportagem...
- Então mas o Senhor viu?
- Quer dizer....Eu ver não vi....Eu ouvi....Porque eu moro aqui perto - apontava algures para a Savana que se vislumbrava lá ao longe.
O Repórter já não conseguia disfarçar o seu nervosismo. Afinal, não estava a correr nada bem...
- Então e como é que se passou tudo?
- Ouvi um forte estrondo...Porque eu não vi...Eu ouvi...Porque eu moro aqui perto - apontava uma vez mais para a Savana.
O Repórter começava a ficar vermelho. Em desespero de causa, para salvar o seu directo, tentou rematar a reportagem com um final feliz. Apontando o microfone ao Cidadão, perguntou...
- Então e o que é que o Senhor acha da guerra?
O Cidadão, tirando o microfone da mão do Repórter - agarrando-o com as duas mãos, contrariando o sorriso rasgado que mantinha até aí, colocou a expressão mais séria do mundo e disparou...
- Nós não gostamos da guerra. Nós gostamos mais da Paz!
Naquele dia percebi que a vida de Jornalista não é fácil. Ainda assim, um qualquer Cidadão Anónimo tem mais conteúdo e naturalidade em 5 minutos de conversação do que um qualquer candidato político a um qualquer cargo....
Não há Dúvida?!
2 Comments:
Sim senhor...
Um comentário anónimo e genuíno (coisa rara.. hoje em dia).
Meu amigo,
Cuidado que corre o risco de ser apontado como um populista... Este tipo de observações, hoje em dia, são consideradas demagógicas!
Senão, veja o que é dito na imprensa acerca dos funcionários públicos que andam a passar "emails" sobre a filha do diplomata António Monteiro (ex-ministro dos negócios estrangeiros), que, com 28 anos, se encontra na embaixada de Portugal, em Londres, a receber 9000€ (só 1800 contos, através do exercício da "diplomacia do croquete")!
Pois é, os funcionários públicos (aqueles que tiveram os vencimentos congelados por dois anos e têm a progressão na carreira congelada) são todos uns populistas!!!
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