17 janeiro 2006

O Envelope

Andam por aí uns senhores muito preocupados com um envelope. Chamam-lhe número 9, vá-se lá saber porquê. Supostamente trata-se de um assunto muito grave que envolve nomes importantes. Que não deviam constar no dito e mais não sei o quê.

Essa reflexão, profunda como só a nossa Comunicação Social consegue fazer, levou-me a pensar numa outra perspectiva. A cultura do envelope. Se atentarmos na importância que o envelope tem vindo a tomar na nossa sociedade, ao longo dos últimos anos, constatamos que não se trata de um simples utensílio administrativo. Serve para enviar correspondência, todos sabemos. O envelope nacional vai mais longe...

Quando era miúdo, lembro-me que a minha professora da escola primária mandava envelopes à minha mãe - o que acontecia demasiadas vezes para o meu gosto, chamando a atenção para a minha personalidade - era um bocado "índio", confesso. Não se tratava de simples correspondência. Era um simples acto de "bufaria". Com o evoluir dos tempos, passamos a ter as cartas anónimas. Basicamente é uma forma de dizermos mal uns dos outros sem ter de dar a cara. É porreiro, porque assim, podemos continuar a ser "amigos" de quem invejamos. O mais engraçado é que nos damos a confortar o "ofendido" desse acto inqualificavel e cobarde, dizemos.

Também se fala dos envelopes dados na época da Páscoa. Chamam-lhe folar. Umas notitas para contentar a malta e para comprar a nossa gratidão e simpatia. Com o evoluir dos tempos, passamos a usar os envelopes para outros fins. Agora também servem para pagarmos ao picheleiro e ao trolha que vão lá a casa fazer uns arranjos. Eles até usam uma expressão que nunca percebi muito bem: Ó Patrão, assim é tudo pela porta do cavalo...

Era engraçado fazerem um estudo sobre a importância do envelope na nossa sociedade...

Não há Dúvida?!

2 Comments:

At terça-feira, janeiro 17, 2006 7:55:00 da tarde, Blogger psac74 said...

Meu caro,

Não haverá um envelope especial, sem qualquer hipótese de retorno, para empacotar o Mira Amaral, Santana Lopes, Pires de Lima, Ministra da Educação, Valter Lemos, Vasco Graça Moura, Pacheco Pereira, Paulo Portas, ... direitinhos para Burkina Fasso?

 
At quarta-feira, janeiro 18, 2006 8:31:00 da tarde, Blogger Licor Beirão said...

Quanto às cartas anónimas peço atenção, já que agora, para além das escutas telefónicas(anónimas) também podemos usar um blog para dizermos o que quisermos sem sermos identificados (ehehehe)

 

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