O Envelope
Andam por aí uns senhores muito preocupados com um envelope. Chamam-lhe número 9, vá-se lá saber porquê. Supostamente trata-se de um assunto muito grave que envolve nomes importantes. Que não deviam constar no dito e mais não sei o quê.
Essa reflexão, profunda como só a nossa Comunicação Social consegue fazer, levou-me a pensar numa outra perspectiva. A cultura do envelope. Se atentarmos na importância que o envelope tem vindo a tomar na nossa sociedade, ao longo dos últimos anos, constatamos que não se trata de um simples utensílio administrativo. Serve para enviar correspondência, todos sabemos. O envelope nacional vai mais longe...
Quando era miúdo, lembro-me que a minha professora da escola primária mandava envelopes à minha mãe - o que acontecia demasiadas vezes para o meu gosto, chamando a atenção para a minha personalidade - era um bocado "índio", confesso. Não se tratava de simples correspondência. Era um simples acto de "bufaria". Com o evoluir dos tempos, passamos a ter as cartas anónimas. Basicamente é uma forma de dizermos mal uns dos outros sem ter de dar a cara. É porreiro, porque assim, podemos continuar a ser "amigos" de quem invejamos. O mais engraçado é que nos damos a confortar o "ofendido" desse acto inqualificavel e cobarde, dizemos.
Também se fala dos envelopes dados na época da Páscoa. Chamam-lhe folar. Umas notitas para contentar a malta e para comprar a nossa gratidão e simpatia. Com o evoluir dos tempos, passamos a usar os envelopes para outros fins. Agora também servem para pagarmos ao picheleiro e ao trolha que vão lá a casa fazer uns arranjos. Eles até usam uma expressão que nunca percebi muito bem: Ó Patrão, assim é tudo pela porta do cavalo...
Era engraçado fazerem um estudo sobre a importância do envelope na nossa sociedade...
Não há Dúvida?!
2 Comments:
Meu caro,
Não haverá um envelope especial, sem qualquer hipótese de retorno, para empacotar o Mira Amaral, Santana Lopes, Pires de Lima, Ministra da Educação, Valter Lemos, Vasco Graça Moura, Pacheco Pereira, Paulo Portas, ... direitinhos para Burkina Fasso?
Quanto às cartas anónimas peço atenção, já que agora, para além das escutas telefónicas(anónimas) também podemos usar um blog para dizermos o que quisermos sem sermos identificados (ehehehe)
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